O prometido cumpriu-se e o Sintra Portugal Pro entregou, hoje, penúltimo dia da competição da Praia Grande, os títulos mundiais de Dropknee e Pro Junior feminino, a Dave Hubbard e Luna Hardman, respetivamente, enquanto distinguiu Pierre-Louis Costes como o campeão da divisão open masculina de 2022.

Dave Hubbard, de 40 anos, conquistou o nono título mundial de Dropknee ao vencer o sul-africano Iain Campbell nas meias-finais, requisito suficiente para vencer a corrida ao troféu que o opunha ao francês Amaury Lavernhe.

Curiosamente, Lavernhe acabou por bater “Dubb” na final, acabando por conquistar o seu segundo Sintra Portugal Pro, na especialidade de Dropknee, já que o francês da Ilha Reunião também ganhou a categoria open da prova em 2010.

Dave Hubbard, visivelmente emocionado à saída da água, fala sobre o significado deste nono título mundial: “Super especial e muito emotivo. É algo pelo qual venho lutando há muitos anos e é muito bom alcançá-lo. É bom para o desporto ter títulos individuais, mas, para mim, há mais do que o troféu em si. Para mim, é o alcançar um objetivo e é algo pessoal. Há cinco anos que perseguia este título e consegui-lo agora é muito bom.”

Relativamente à derrota na final frente a Amaury, o havaiano recusa a ideia de que houve uma descompressão, dizendo que “Fui para a final pronto para ganhar, mas o Amaury apanhou as melhores ondas e surfou melhor. Mereceu ganhar e nem sequer é a primeira vez que ele me ganhou aqui. Logo, sabia que era possível e aconteceu. Parabéns a ele.”

Amaury “Moz” Lavernhe devolveu os elogios a Dave Hubbard, uma das lendas do desporto. “Já tinha ganho o dropknee aqui em 2014, mas vencer o Dave é diferente. É um dos melhores da história do Dropknee e sabia que tinha de arriscar mais e consegui fazê-lo”, referiu.

Amaury mostrou-se muito otimista relativamente ao futuro, especialmente à categoria da “Jack stance”, que durante vários anos teve no Sintra Pro o último reduto no circuito mundial: “Estamos muito contentes, estamos mais satisfeitos com este circuito, é uma nova era para o desporto e o bodyboard precisava disto. Relativamente ao dropknee ficamos contentes de ter, finalmente, um tour decente para o dropknee, e estamos muito esperançosos para o futuro com a IBC [International Bodyboarding Corporation].”

No Pro Junior feminino, a brasileira Luna Hardman, filha de Neymara Carvalho, cinco vezes campeã mundial, cumpriu o desígnio familiar ao bater a compatriota Isabelli Nunes numa final emotiva.

“Foi mais emocionante conquistar o título na final. Cada bateria que passava, ia ganhando mais garra e vontade. Agora estou muito feliz, sentimento de dever cumprido!”, congratulou-se Luna Hardman, enquanto garantia não ter tido qualquer pressão materna: “A minha mãe não me pressionou, ela só me ajudou e me deu conforto. E agora já só estou pensando no futuro, competindo no open feminino e no pro júnior.”

Excelente representação nesta prova por parte das portuguesas Mariana Padrela e Mariana Silva, eliminadas nas meias-finais por Luna e Isabelli, respetivamente. Beatriz Pinto Coelho, Inês Castro, Luana Dourado e Constança Silva tiveram participação honrosa e ficaram pelos quartos-de-final.

Entretanto, e tendo em conta a previsão de descida do mar para amanhã, a organização levou a cabo o restante da divisão open masculina, marcada para os portugueses pela eliminação de Daniel Fonseca e Steph Kokorelis nos quartos-de-final.

Fonseca caiu frente ao Pierre-Louis Costes, enquanto Kokorelis perdeu diante do sul-africano campeão mundial em título, Tristan Roberts.

Costes, duas vezes campeão mundial, chegou à final depois de ultrapassar Tristan Roberts e, na bateria decisiva, arrasou Alan Muñoz com um score total de 17,00 pontos (9,00 + 8,00) contra 12,90 do chileno (em 20 pontos possíveis), somando assim a sua terceira vitória na histórica prova da Praia Grande.

PLC, o francês mais português do bodyboard mundial (residente em Portugal há 10 anos e casado com uma portuguesa), depois de uma exuberante celebração na praia com uma multidão de fãs a saudá-lo, evocou a memória da mãe, falecida este ano: “Foi o campeonato mais difícil de sempre, mas também foi a edição do Sintra onde tive as melhores notas e as maiores ondas. Nunca tivemos um dia pequeno. Depois, não venci o meu primeiro heat do campeonato e tive outro em que estive 10 minutos para passar a rebentação, foi muito físico. Mas o mais especial para mim, há 10 anos, em 2012, a minha mãe esteve aqui para me ver competir, pela primeira vez numa etapa do circuito mundial, e ganhei… ganhei Sintra. E foi uma memória linda, sobretudo neste ano, em que ela morreu, e passei o ano inteiro a pensar que tinha de vencer um campeonato para lhe dedicar. E é lindo ganhar Sintra, 10 anos depois. Para ela.”

Amanhã, fecham-se os últimos capítulos do Sintra Portugal Pro 2022, com a realização das finais das competições feminina e Pro Junior masculino. xxx

Fotos de João Araújo