Stephanos Kokorelis é um dos atletas que representou a seleção nacional no ISA World Bodyboard Championship em Iquique, no Chile, no passado mês de dezembro. O jovem bodyboarder da Praia Grande não é propriamente um desconhecido nas lides competitivas e sob a sua alçada já detém alguns títulos nacionais nos escalões mais novos. Por isso, não foi de estranhar que tenha regressado da América do Sul com uma fantástica medalha de bronze conseguida na divisão sub-18.
Em termos gerais, como avalias a prestação da equipa e o sexto lugar alcançado?
Enquanto equipa estivemos muito bem, estabelecemos uma boa relação entre todos os adversários, todo o staff, as pessoas locais, deixámos uma boa marca pelo nome de Portugal na cidade de Iquique. Já em relaçao a resultados não foi de todo o mais positivo. Não sei se foi por influência de estarmos num país tão longe de casa, não sei se foi por intimidação de estarmos a lutar contra nomes de topo mundial, mas uma coisa é certa: o apoio da Federação foi total.
E o evento em si, como correu no que diz respeito a ondas, organização e sequência de prova?
O evento em si correu bem, durante o período de espera houve sempre swell para dar início à prova. A sequência de prova foi de forma a tentar encontrar as melhores marés para cada categoria. E a organização com o passar das dificuldades ia tentando modificar as suas prioridades para o bem dos atletas. Em termos de segurança houve uns quantos percalços nos primeiros dias, mas a organização da ISA conseguiu dar logo a volta à situação.
Uma medalha de bronze não é nada mau, mas de alguma forma sentes que poderias ter alcançado algo mais?
Eu, sinceramente, nunca tinha pensado que poderia chegar tão longe. Talvez por causa de toda a pressão acumulada dentro de mim, devido a todos os freesurfs no pico do campeonato carregados de crowd, não conseguia fazer as minhas ondas. De ver os meus adversários a surfar 10x mais que eu antes do campeonato, ou se calhar era só eu a pensar assim. Enfim, não sei… nada me permitia pensar que podia ser melhor que os outros até ganhar no meu primeiro heat ao campeão mundial do ISA World Bodyboard Championship em 2014 numa batalha bem disputada. A partir desse momento ganhei muita confiança e senti que tudo poderia ser possível, bastava eu querer. Infelizmente não consegui melhor que um 3º lugar.
Além do terceiro lugar, tu e a Joana também estão de parabéns por terem alcançado as únicas nota 10 do evento…
Sim, é verdade. De alguma forma, nós, portugueses, tivemos alguma sorte com o palco do campeonato por ser um pico de pedra, algo a que estamos muito habituados em Portugal. A onda do campeonato não era de topo mundial, mas tinha uma boa formação e se um atleta conseguisse apanhar as melhores ondas que entrassem no pico, no sítio certo dava para fazer maravilhas. (risos)
Como consideras esta experiência – a de representar a seleção nacional e o país?
Acho que é um grande orgulho poder ter essa oportunidade de algum dia representar as próprias cores portuguesas, Eu sinto que é o topo de qualquer atleta em qualquer modalidade, a nível nacional, não há mais onde se possa chegar. E estando nesse restrito grupo de atletas não há mais nada a provar a ninguém, só temos que lutar com noção das nossas capacidades para podermos tirar o melhor partido destas experiências. Porque… sem nos apercebemos, podemos tirar os melhores resultados das nossas vidas. Podemos representar os nossos sonhos. Podemos fazer tudo acontecer num determinado segundo. Por último, acho que é uma oportunidade de uma vida estar de igual para igual com os melhores do mundo para atingir o ouro.
A equipa brasileira voltou à posição dominante de outrora ao vencer a prova. Que teremos que fazer, ou onde teremos que nos focar, para podermos alcançar o troféu um dia?
Todos os portugueses têm as mesmas hipóteses de vencer como os outros países. Talvez precisemos de mais confiança na liderança, porque nos leva, inconscientemente, a trabalhar alguns dos pontos essenciais para uma medalha de ouro. Todos somos capazes desde o momento em que nos é atribuída a oportunidade de representar as cores portuguesas nestes campeonatos de tanta importância. Talvez uma coisa a melhorar na última equipa fosse tornar toda a energia negativa de toda a parte da equipa e de tudo o que vai acontecendo ao longo do campeonato em energia positiva, de modo a atrair todo o positivismo, porque, na verdade, a verdadeira luta neste tipo de campeonatos é coletiva. E só o resultado coletivo é que realmente interessa.
Que se segue agora? Onde vais focar energias na próxima temporada?
Depois desta prova sinto-me confiante, sinto que não tenho nada a temer. Só tenho que fazer o meu surf e espero conseguir atingir os meus objetivos pessoais para 2016. Enquanto a época de competição não começa vou-me empenhar ao máximo para fazer as melhores sessões do resto do inverno e uma pequena viagem, sem ainda saber o destino. Em termos competitivos vou fazer o Circuito Nacional Open na íntegra e todas as etapas da APB Tour que conseguir.
Nota: Vê também a entrevista com Joana Schenker, medalha de bronze na divisão open feminina, aqui.
Fotografia: Miguel Nunes, Bruno Norberto, Pedro Carvalho & Pedro Patrício (retrato)