Banzai Pipeline, situada na costa norte de Oahu, uma das 132 ilhas que compõem o arquipélago havaiano do Oceano Pacífico, é desde há muito considerada uma das mais belas e perigosas ondas do planeta Terra.


Imagens de Gonzolenz & Brent Bielmann

Hoje em dia, com toda a ação que já nos foi dada a observar, é certo e sabido que certas slabs da Austrália, Teahupoo na Polinésia Francesa e outros desafiantes reefs-breaks espalhados pelo globo poderão ter uma palavra a dizer no que respeita a este tema, podendo até destronar a rainha do Havai. No entanto, parece-nos que contra factos não há argumentos, e esses mostram que Pipeline, ainda hoje, continua a ser considerado um dos mais exigentes desafios, registando também o maior número de acidentes no mundo do surf. 

A onda é absolutamente linda e cativante, mas ao mesmo tempo feroz e letal. Desde os anos 60 que é a rainha dos tubos para os amantes de ondas – e palco do emblemático Pipe Contest. Um pico claramente intimidante. Só com alguma/muita coragem se fazem pequenas conquistas, até que se chega a um ponto que não se pensa noutra coisa.

As melhores condições em Pipeline verificam-se quando o swell é orientado de oeste ou noroeste, entre outubro e março, como os restantes spots do North Shore. Por norma, subentende-se que Pipe é apenas a esquerda tubular. No entanto, esta inclui também a onda de Backdoor, um direita que está “agarrada” à esquerda e que faz opico abrir em A-frame quando as condições estão de feição, fazendo com que os praticantes arranquem, em simultâneo (ou quase), para ambos os lados.

Pipeline é também constituída de vários reefs. Temos a primeira bancada, que é o pico principal e mais consistente. Um reef estreito e com algumas rochas pontiagudas, bem como pequenas “grutas”, a cerca de 45-50 metros da costa. A velocidade da onda ao atingir a bancada faz com que “Pipeline” se revele, um tubo único no mundo, que pode durar, em média, entre cinco a sete segundos. As saídas apresentam quase sempre um spray (baforada) e a parte final da onda, em fundo de areia, por vezes pode afetar a qualidade das ondas.

Regra geral, o pico é do mais temperamental possível e apenas quebra, de forma absolutamente clássica, uma dúzia de vezes ao longo de cada temporada. 

Depois temos o segundo reef, a cerca de 75-100 metros, que começa a dar sinal quando a ondulação atinge os 10-12 pés. Com o mar maior, esta bancada permite que os surfistas entrem nas ondas mais cedo, fugindo assim ao drop rápido e vertical do “main break”, preparando pelo caminho o típico tubão da primeira bancada. 

A cerca de 200-300 metros da costa, por vezes mais, encontra-se o terceiro reef, conhecido por ser uma onda gorda, cheia e balanceada, muito poucas vezes surfada. Precisa de swell para quebrar.

Ao longo de décadas, Pipeline reclamou muitas vítimas, acabando mesmo por conquistar a reputação de ser o spot mais perigoso do planeta. As suas ondas quebram de forma violenta sobre uma bancada rasa de pedra (às vezes com apenas 1 metro de profundidade), são difíceis de ler e o elevado crowd não ajuda a aliviar a situação, levando mesmo a um ambiente tenso e agressivo no line up. Uma má escolha ou um risco desnecessário pode dar azo a lesões, acidentes e até mortes. Estima-se que todos os anos morra um wave rider em Pipeline. 

Num único dia de dezembro de 1998, por exemplo, verificaram-se 30 lesões/acidentes. 

As opiniões dividem-se quanto ao nome do primeiro surfista a ter surfado por lá, mas crê-se que o californiano Phil Edwards, facto que é, aliás, confirmado no livro triBBo; tenha sido efetivamente o primeiro a fazê-lo, em dezembro de 1961.

A primeira sessão Edwards fê-la sozinho, em ondas de 1 metro, para no dia seguinte regressar com Mike Diffenderfer, um shaper californiano, e o filmmaker Bruce Brown, que os filmou em ondas de 6 a 8 pés que acabaram por ser incluídas num dos seus filmes, “Surfing Hollow Days”, lançado em 1962. 

Até então o spot era conhecido por Banzai Beach, mas, segundo reza a história, foi Diffenderfer que sugeriu a Bruce Brown que o passasse a chamar de Pipeline depois de dar conta que as ondas pareciam os gigantes cilindros (pipelines) que estavam num estaleiro de uma obra situada ali por perto. 

Só mais tarde, já a meio da década de setenta, alguns anos após o surgimento da boogie board, os bodyboarders começam a aparecer pelo North Shore e a deixar a sua marca em Banzai Pipeline. xxx


Aproveita e conhece a história do Pipe Masters, AQUI.
Nota: Artigo republicado.