Depois dos Jogos Olímpicos de Paris, tal como sucedera em Tóquio 2020, a comunidade reagiu, agarrou-se aos computadores e smartphones para mostrar a sua indignação. É natural, pois somos apaixonados pelo bodyboard e conhecemos bem todas as suas valências. Obviamente, também queremos fazer parte!
Há quatro anos, nas Olimpíadas de Tóquio, o surf e o skate, por exemplo, fizeram a sua estreia. Nesta última edição, Teahupoo teria sido o palco perfeito para revelar todas as potencialidades do bodyboard.
No entanto, até uma modalidade – não só o surf; qualquer uma – constar no calendário desportivo de umas Olimpíadas vai um longo caminho. É um processo muito longo e desgastante, é preciso que alguém, uma entidade ou até um grupo de trabalho prepare todas as condições/requisitos que levem à sua entrada.
Após alguma pesquisa, não muita, somos sinceros, eis o que é (aparentemente) necessário para uma modalidade se tornar olímpica:
– O primeiro passo é fazer com que a modalidade seja reconhecida pelo Comité Olímpico Internacional (COI). No processo, há que ter uma federação e que esta tenha definido um protocolo antidopagem. Nota: ser reconhecido como modalidade não é suficiente.
– De seguida, a federação da modalidade deve avançar com uma candidatura que deve obedecer aos critérios da Carta Olímpica. Condições essenciais: a modalidade tem de ser praticada por homens de pelo menos 75 países e quatro continentes e por mulheres de pelo menos 40 países e três continentes, mencionando também as tradições da modalidade e porque esta será uma mais-valia para os JO.
Sabendo que a decisão final cabe ao COI, importa salientar que o circuito mundial de bodyboard é organizado por uma empresa e não por uma federação (aliás, tal como sucede no surf). Parece-nos que é então à International Surfing Association (ISA), que é a federação internacional que tem o bodyboard e o surf à sua guarda, cujas competições se assemelham a um torneio olímpico (leia-se: os atletas representam os seus países e lutam por medalhas), que cabe lutar pela sua inclusão.
O problema aqui é que a ISA não tem competições de bodyboard desde 2015, altura em que realizou os últimos World Bodyboard Championship. Este é um evento que vive claramente o espírito olímpico e, muito provavelmente, poderia servir de qualificação para as Olimpíadas.
A alternativa poderá passar por criar uma federação internacional de bodyboard, caso se pretenda mesmo avançar com este processo de inclusão nos Jogos Olímpicos, mas também é bom que se diga que há que levar o desporto a mais países, torná-lo mais popular, melhorar as suas competições e infraestruturas,
Tenhamos ainda em conta algumas modalidades que foram rejeitadas recentemente e até ao longo dos anos: corta-mato, parkour, remo costeiro, artes marciais chinesas, o wakeboarding, kickboxing, modalidades motorizadas, golfe, ténis e a patinagem de velocidade.
Atenção, ser rejeitado não significa necessariamente que a modalidade não venha a fazer parte do programa olímpico no futuro. Algumas destas modalidades já fizeram parte dos JO, saíram e voltaram passados alguns anos. Outras nunca mais voltaram.
Los Angeles 2028, por exemplo, contará com o regresso do críquete, lacrosse e softball (uma variante do basebol). O squash e o flag football (uma vertente do futebol americano com menos contacto físico) farão a sua estreia. Já o surf e o skate tornar-se-ão disciplinas residentes.
Até lá o bodyboard pode trabalhar para que seja incluído… ou talvez até não tenha essa necessidade. Acontece que ao consultarmos o site dos Jogos Olímpicos de 2032, que terão lugar em Brisbane, na Austrália, este já é uma das modalidades que estará presente nas ondas da Gold Coast.
Seguramente, uma gafe do redator de serviço. Pelo sim pelo não, resta-nos aguardar pelo tira-teimas, daqui a 8 anos. Até lá!