Decidimos iniciar 2017 com uma entrevista de peso e, por esse motivo, nada melhor do que entrevistar o novo campeão nacional open, Manuel Centeno. O emblemático atleta portuense fez-nos um ponto da situação, quer da competição, dos riders de futuro e dos projetos que estão na calha. Confere já! 

Parabéns! Décimo título nacional averbado ao currículo esta temporada (8 Open, 1 Júnior, 1 Master). Que tens agora no horizonte para o próximo ano? 

Manuel Centeno: Thanks! Tenho programada uma abordagem semelhante à dos últimos anos. Competir, viajar, estar presente nas melhores sessões de free surf deste inverno, e fazer um projeto video com as imagens que tenho vindo a juntar.

De uma forma resumida, como dirias que correu o Nacional Open este ano? 

Diria que o balanço foi claramente positivo. Apesar de não termos estruturas grandes nem prize-moneys elevados, tivemos um circuito muito bem organizado pelos clubes, super competitivo e com alto nível. Se pensarmos no top 5 de destinos para Bodyboard em Portugal, 4 estiveram dentro do circuito – Peniche, Ericeira, Nazaré e Figueira da Foz. No entanto, foi na Caparica que tivemos o maior público pelo campeonato estar inserido num festival. Todos os envolvidos estiveram de parabéns.

Em que pontos específicos, assim mais simples e acessíveis, poderia este ser melhorado?

Promoção e comunicação, prize-money.

Pontos positivos a assinalar do circuito 2016?

Competitividade, qualidade de spots escolhidos e consequentemente qualidade de ondas.

“Se pensarmos no top 5 de destinos para Bodyboard em Portugal, 4 estiveram dentro do circuito – Peniche, Ericeira, Nazaré e Figueira da Foz”

Parece-nos óbvio que, tanto tu como o Hugo [Pinheiro], dois mais experientes atletas a competir em Portugal, ainda têm muito para dar ao desporto. De qualquer forma, aqui e ali, há uns tantos nomes da nova geração a despontar e a dar sinal. Sentes que o futuro da modalidade está realmente assegurado?

Esta é uma questão muito “tricky” e complexa. Porque não depende só da dedicação, trabalho e força de vontade destes nomes, mas também de como se conduz a evolução do Bodyboard em Portugal e no Mundo, porque isso influencia a indústria que, por sua vez, apoia e dá condições a ITW_MC3atletas para despoletar ou continuar a evoluir… Mas é obvio que temos excelentes riders novos. O Dino [Carmo] fez alto ano no Mundial, Nacional e free surf, o Daniel [Fonseca] no Nacional Australiano, no nosso Nacional e em free surf, o Tó [Cardoso] no Mundial e em free surf, o [Miguel] Adão no Mundial e em free surf, o [Ricardo] Rosmaninho e o Simão [Monteiro] no Nacional, o Steph [Kokorelis], e todos os atletas da Seleção Nacional Júnior que limparam o Eurosurf.

Circuito Mundial. Quais o fatores que te levaram a deixar de competir na APB Tour?

Eu não deixei de competir, não fiz foi o tour na íntegra porque a certa altura do ano (depois de itacoatiara) senti que seria melhor focar energia no objetivo em que senti que tinha boas hipóteses de atingir.

Está nos planos o regresso ao Tour a tempo inteiro ou isso está mesmo fora de questão?

Gostava de fazer uma ou duas etapas fora de Portugal, por exemplo, Havai e Brasil, e as três etapas que se realizam em Portugal.

“Não fiz o tour [mundial] na íntegra porque a certa altura do ano senti que seria melhor focar energia no objetivo em que tinha melhores hipóteses”

ITW_MC2

Há muito que és um dos principais rostos da Deeply, no que diz respeito a atleta, mas nos últimos anos tens vindo também a estar cada vez mais envolvido no processo de R&D. A marca tem vindo a apresentar produtos de enorme aceitação com ótima relação preço/qualidade. Podes adiantar algumas das novidades que estão a ser preparadas para 2017?

Sim, desde 2005 que colaboro a nível de desenvolvimento de produto. Com o passar dos anos, naturalmente, foi-se tornando uma relação mais séria a este nível. É altamente colaborar no desenvolvimento de produtos que uso todos os dias. Nos últimos meses já estamos a trabalhar nas coleções de 2018, porque realmente vai haver mudanças muito significativas a vários níveis. Para 2017, entre algumas novidades, daria destaque ao alargamento da gama de fatos.

Última questão. Nos últimos meses de outono marcaste presença em muitas sessões de free surf, especialmente a norte, com boas ondas. Temos novo vídeo na calha?

Yes! (risos) Já agora gostava de agradecer ao meu patrocinador, à Deeply pelo apoio que me tem dado, o que me tem permitido fazer a carreira desportiva que tenho vindo a fazer, ao Pilates Aviz Studio que me tem permitido tratar bem do meu corpo, ao Nuno Matos Integral Coaching que me fez percorrer uma incrível viagem do ponto de vista pessoal e mental, à minha mulher e filha, família e amigos.


Fotografia: Gonçalo Ruivo/Sumatra Surf Trip & Tó Mané