Numa missiva da Câmara Municipal de Matosinhos enviada a todas as associações e escolas de surf do concelho que utilizam frequentemente a Praia de Matosinhos para dar as suas aulas de surf e bodyboard, ficou-se a saber que a prática destes desportos de ondas (e até de banhos) está desaconselhada entre novembro e o próximo mês de março.
A causa, segundo a mesma, reside na implementação do tratamento secundário da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Matosinhos, que leva a manobras de interrupção parcial e que poderão refletir-se na qualidade da água das praias do concelho.
O Eng.º Pedro Pereira, do Pelouro do Ambiente da Câmara Municipal de Matosinhos, esclareceu sobre o que se passará nos próximos meses:
“Assim, dado que a ETAR que se encontra junto à Praia do Aterro dispunha apenas de tratamentos primários e estando a decorrer obras que foram impostas pela CE ao Governo Português para que dispusesse também de tratamento secundário (noticias fortemente divulgadas pela comunicação social num passado recente), as obras forçarão a inevitável interrupção do funcionamento da ETAR. Durante esse período, o caudal dirigido à ETAR será desviado para o mar, diretamente por 4 condutores, afastados uns dos outros.
A concentração de poluição junto às praias, como facilmente compreenderão os melhores conhecedores do mar, será muito influenciada pelos ventos e correntes que se fizerem sentir. Neste sentido e indo de encontro às nossas pretensões, fomos tranquilizados que a qualidade da água do mar será monitorizada semanalmente e os seus resultados comunicados às associações e escolas de surf.
Depois das obras concluídas e com a entrada em funcionamento dos tratamentos secundários, a qualidade da água será significativamente melhor do que a já tínhamos, o que nos apraz imenso. Tivemos também oportunidade de abordar a questão do problema recente da Ribeira de Carcavelos. O mesmo já está identificado e o autor indiciado de crime ambiental.
Face ao exposto, estaremos atentos ao desenrolar do processo e manteremos informados os nossos associados e seguidores, certos que qualquer sacrifício que eventualmente tenhamos que fazer agora será para nosso proveito no futuro.”
Os clubes do concelho, paralelamente à Câmara, garantem que vão agora monitorizar a qualidade das águas, fornecendo de forma regular mais dados à comunidade. Como última nota, vale frisar que esta não se trata de uma interdição, mas apenas de um aconselhamento face às intervenções previstas.