Numa calorosa tarde de verão em Agosto, blakeparker, um desconhecido utilizador do Tumblr, inicia uma conversação comigo através daquela plataforma de blogging.

– You Portuguese?
– Proudly, mate! :D
– Awesome. I’m an aussie living in London. Just spent 3 weeks travelling up the coast [of Portugal]. Such an epic place! Do you boog?

À última pergunta, a amizade está indiscutivelmente estabelecida.

Como se lê na sua alcunha de internauta, trata-se de Blake Parker, fotógrafo de 22 anos natural de Newcastle, East Coast Australia, que agora vive em Londres, Reino Unido. Parker tem uma ligação a Portugal por via da namorada alfacinha e até visitou este canto europeu há poucas semanas atrás, passando mesmo pela Ericeira e pelas ondas do Reef.

Professor primário no dia-a-dia e fotógrafo nos tempos livres, Parker dedica-se às chapas de bodyboard, surf e tudo o que se relacione com ondas e até conta com algumas publicações na Riptide. Contudo, a curiosidade pela fotografia não se encerra pelo mar, pelo que agora se estreou na arte da fotografia analógica e na captura das culturas que o rodeiam.

Após meia dúzia de trivialidades trocadas através do Tumblr, Parker aceitou o convite para partilhar com a VERT os seus 15 momentos favoritos captados até hoje no mar e contar-nos o que o influencia e o que procura captar com nas suas fotografias.

 

Por que são estes os teus 15 momentos favoritos?

Escolhi estas imagens porque acarretam significativas memórias na minha mente. Uma metade das imagens são de casa [East Coast] e representam sessões fantásticas, seja por quem estava a surfar, pela qualidade das surfadas ou pela luz que havia no momento. A outra metade são de viagens e aqui acredito que o que vejo durante uma viagem e que me leva a criar uma fotografia é tão importante quanto uma imagem de bodyboard ou do mar. Durante estas jornadas vi coisas simplesmente incríveis.

O que procuras captar quando fotografas uma onda ou um bodyboarder?

Procuro captar a essência dos spots onde me encontro e não tanto focar-me apenas nas ondas e nos bodyboarders. Registar a qualidade de um lugar e o surf que está a acontecer ao mesmo tempo permite que a fotografia ganhe um outro valor. Além disso, uma imagem que contém pormenores do local onde foi tirada permite-me recordar de forma mais vívida aquela sessão. Creio que é isto que está a evoluir na minha fotografia desde que me mudei da Austrália para Londres.

O quê ou quem é que influencia?

Há tantos fotógrafos fantásticos – principalmente ligados ao bodyboard – que não consigo apontar ninguém em particular. Sempre gostei muito do Ray Collins, Mark Tipple e Trent Mitchell. De um modo mais geral, gosto imenso de ouvir histórias e ver vídeos das pessoas que amam ou têm alguma relação especial com o que quer que façam na vida. No fundo, que se está a divertir mais, está a criar coisas fantásticas, o que é algo que mantenho sempre em mente. Neste momento, a minha motivação para a vida e para a fotografia é trabalhar o máximo possível para ter dinheiro para viajar e quem saber ter a sorte de calhar num emprego que me permita ter este estilo de vida.

Quando e porque é que começaste a fotografar?

Iniciei-me no inverno de 2011. A minha família comprou uma DSLR para principiantes e consegui convencê-los a deixar-me levar para a praia, sobre promessa de que cuidaria bem da máquina. Então, depois do surf, ficava sempre fotografar a ação dentro de água. No inverno seguinte, os meus pais foram de férias, o que me fez ficar sem máquina. Então guardei algum dinheiro e comprei uma Canon 7D. Desde então tenho comprado material para melhorar aquele que já tenho.

Por onde andaste em Portugal este Verão? Como foi a experiência?

Portugal foi épica! Se houvesse alguma oportunidade de trabalho por aí, não hesitaria em mudar-me. O estilo de vida e a atração pelo oceano é algo que me apela aos sentidos. Tive sorte pela oportunidade em visitar alguns sítios ao longo do litoral, juntamente com a família da minha namorada, o que me permitiu emergir um pouco na cultura portuguesa. Também apanhei algumas ondas na Ericeira, foi muito divertido. O ambiente dentro de água também é muito bom, é mais relaxado, menos competitivo em comparação com a Austrália.

Que planos tens para o futuro próximo em termos de viagens e fotografia?

Tenho duas viagens planeadas para França no final do ano para surfar e fazer snowboard. Espero que tenha sorte em apanhar algumas ondas enquanto lá estiver. Enquanto fotógrafo, espero continuar a evoluir e a divertir-me no processo. Estou também a iniciar-me em fotografia analógica de 35mm, o que me permite manter as coisas frescas e interessantes. No próximo ano conto continuar atrás de umas valentes slabs, possivelmente nas Islândia ou novamente na Escócia e Irlanda. Até mesmo Portugal ou Canárias. E, claro, continuar explorar Inglaterra.


Fotografia: Blake Parker | Site Oficial | Tumblr | Lighton35