Aos 32 anos de idade, Pedro Correia, o “Pedrim”, é uma das referências do bodyboard nacional. O conhecido bodyboarder micaelense, que esteve em destaque no filme Multifacetada e foi sétimo classificado no circuito nacional em 2023, alcançou um estatuto onde já não tem que mostrar serviço. Ainda assim, tem objetivos pessoais concretos que procura cumprir em prol da evolução. Vejamos o que nos contou numa breve atualização.


Fotos de @fsgarcia_photo

Para começar, fala-nos da tua rotina por São Miguel. Como costumam ser os teus dias na ilha?

Pedrim: Olá a todos! A minha rotina pela ilha começa por entrar ao serviço na estação salva-vidas de Ponta Delgada, onde sou tripulante de embarcações salva-vidas. Além disso, ainda tenho mais dois part-times. Infelizmente, em Portugal, não se consegue viver de um ordenado. Fora o trabalho, vou sempre uma vez por semana treinar na piscina e fazer pilates no estúdio FisioAçor. Aos fins de semana e restante tempo livre, aproveito para estar com a minha família e sempre que as previsões são boas termino o dia com uma surfada.

“(…) há sempre novas caras a aparecer de bodyboard no pico, sejam locais ou bodyboarders de outras partes do globo que estão curiosos com as ondas dos Açores”

 

O movimento do bodyboard no arquipélago está sólido?

Pedrim: Sim, pode dizer-se que o movimento do bodyboard nos Açores está sólido. Nota-se uma ascensão lenta, continuamos os mesmos na água naqueles dias clássicos, sempre com a mesma paixão e raça açoriana, mas há sempre novas caras a aparecer de bodyboard no pico, sejam locais ou bodyboarders de outras partes do globo que estão curiosos com as ondas dos Açores.

E como foi a temporada de inverno pelas ilhas?

Pedrim: Este inverno foi bem fraco em comparação com o do ano passado que foi dos melhores que me recordo.

“Eu gosto muito de surfar wedges. Para mim, é onde a prancha de bodyboard faz todo o sentido”

Esta última sessão que partilhaste recentemente nas redes sociais, num spot que é bem desafiante e respira bodyboard, foi, a teu ver, a mais espetacular deste inverno?

Pedrim: Este spot é um autêntico carrossel para o bodyboard, mas esta sessão não foi a mais espetacular. Acontece que já tínhamos combinado com o fotógrafo Francisco Garcia, que queria testar a sua caixa-estanque, o seu “brinquedo novo”. Ele só queria fotografar, nós estávamos todos disponíveis e lá remámos para o pico, mesmo sabendo que o vento estava muito inconstante e a maré não estava favorável. Entre sets rolaram boas ondas. Não é todos os dias que temos a oportunidade de ter alguém para registar as sessões, ainda para mais dentro de água, por isso, tivemos que tirar o máximo proveito da situação.

Em que tipo de condições e ondas achas que o teu melhor bodyboard surge?

Pedrim: Eu gosto muito de surfar wedges. Para mim, é onde a prancha de bodyboard faz todo o sentido e onde o seu shape melhor se adequa.

“A Pride Bodyboards foi sempre uma marca de topo, é das poucas que não é gerida por um ‘rider’ e por isso investe em vários atletas por todo o mundo”

Nestes últimos dois anos, desde a entrada na Pride Bodyboards, a tua evolução tem sido notória. Sentes que foi a parceria perfeita no timing certo?

Pedrim: Obrigado pelas palavras. Sim, sinto-me melhor que nunca a surfar com a Pride, Vulcan Fins e Nymph wetsuits. A Pride Bodyboards foi sempre uma marca de topo, é das poucas que não é gerida por um ‘rider’ e por isso investe em vários atletas por todo o mundo. É uma marca que nunca ficou esquecida e que continuou lado a lado com a evolução do desporto, seja ao nível de materiais seja em conteúdo audiovisual.

Qual o modelo de prancha que atualmente preenche mais as tuas necessidades?

Pedrim: Eu usei muito o modelo Heartbreaker. Acho que proporcionou-me uma boa linha e ajudou-me a acentuar o meu surf no pocket. Porém, no ano passado, decidi usar a Realest para largar chamas pelo ar! (risos)  É uma prancha com mais volume, que me deu imensa projeção para as manobras aéreas. Já este ano estou a usar o modelo Koned que tem um pouco menos de volume que a Realest, mas que me dá ótima projeção e apresenta um acentuado high wide-point que gera grande velocidade para ondas mais pesadas e rotação nas manobras. Sinto-me bastante confortável e seguro a surfar com este modelo.

“O modelo Koned dá-me ótima projeção e apresenta um acentuado high wide-point que gera grande velocidade para ondas mais pesadas e rotação nas manobras”

Falando de competição. Pronto para atacar o Nacional em 2024? Qual o objetivo?

Pedrim: Sim, estou pronto. O objetivo é sempre chegar o mais longe e conseguir o título de campeão nacional.

Nas últimas temporadas tens ficado dentro do top 10 e tens conseguido alcançar, sempre, pelo menos uma final. Para quando uma vitória numa etapa?

Pedrim: Ganhar uma etapa e somar mais uns pontos ao ranking é, sem dúvida, uma ambição pessoal. Para isso, vou trabalhar em conjunto com os meus patrocinadores que têm sido a minha maior motivação neste percurso, que desde já passo a agradecer: XTC Modified, ERA imobiliário Ponta Delgada, Ribeira Grande capital do surf, Pride Bodyboards, Fisio Açor, Aerial World Visions, Bodyboard Academy, Azorean Waves e Espaço Azul.

“Ganhar uma etapa do Nacional e somar mais uns pontos ao ranking é, sem dúvida, uma ambição pessoal”

Uma última questão sobre o futuro. Que podemos esperar?

Pedrim: No futuro, espero continuar com saúde para fazer este desporto incrível sempre ao mais alto nível, seja a competir ou no free surf. Desejo fazer mais surf trips e lançar mais vídeo clipes. E um dia também quero criar um clube de bodyboard nos Açores.