Aos 23 anos Miguel Adão dispensa apresentações, pois é, claramente e cada vez mais, um dos riders de referência a nível europeu. Um destes dias de março assinou por uma nova marca e protagonizou uma das contratações mais sonantes de início de ano, independentemente da altura estranha que se vive e das limitações impostas pela pandemia da COVID-19. Sempre munido daquele sorriso e da boa disposição que lhe é característica, eis a entrevista que se impunha.

Fotografia de @nunonobrega @danielcbc9 @andrepinto_productions

Alô! Sabemos que acabaste de entrar na equipa da Stealth e Bodyboard Center. Era esta a altura certa para mudar?

Neste momento ainda não acredito que vou estar a representar a Stealth. Desde pequenino que uso o material deles, principalmente os pés de pato, e, neste preciso momento, estar a ser apoiado pela marca é para mim um sonho realizado. A começar pelos grandes nomes que têm na equipa e também pelo excelente trabalho que fazem! Passados 15 anos a fazer bodyboard finalmente posso dizer que encontrei um patrocínio com grandes objetivos para me ajudar e também com grandes planos para o futuro de ambas as partes. Em relação à Bodyboard Center, sempre foi uma grande referência para mim no bodyboard Europeu por tudo o que eles conseguiram fazer pelo nosso desporto e pelos grandes atletas que apoiam.

“Estamos maravilhados por ter o Miguel a bordo. Há muito que vínhamos a mantê-lo debaixo de olho já que é um dos jovens europeus mais técnicos, com power e de estilo cativante que existem. Os reverses que podemos observar no clipe são uma boa prova disso mesmo” – palavras do patrocinador Stealth

Estamos a viver tempos estranhos. Estás a cumprir a quarentena? Que fazes para te adaptar a estes novos tempos?

Sim, tempos muito estranhos e de completa loucura. Estou a cumprir a quarentena já há mais de 14 dias e acho que todos nós devíamos estar a fazer o mesmo. Não podemos pensar só em nós e, quanto mais levarmos toda esta situação a sério, mais rápido isto vai passar. Sou uma pessoa bastante positiva e quero acreditar que esta pandemia vai passar bem mais rápido do que nós estamos à espera se todos fizerem por isso. 

Na realidade não tenho feito muito. (risos) Tenho aproveitado para treinar todos os dias em casa que é algo que não costumo fazer, porque tento surfar o máximo possível sempre que posso. Ando a ver muitas séries e tento evitar por completo ver as previsões do mar! Não quero cair em tentações e sei que, se vir boas previsões, vou dar em maluco em casa sabendo que não posso ir aproveitar. STAY SAFE!

Antes do Coronavírus, tiveste tempo para testar o material? Que tipo de prancha estás a usar?

Sim, tive mais ou menos uma semana de altas ondas em Peniche que deu para testar o material. Ainda não estou a usar as minhas pranchas finais, porque com esta situação toda do Coronavírus atrasou a entrega das mesmas para o final do mês. Neste momento estou a usar uma prancha que tinha sido feita para o Jake Stone. Não é uma prancha 100% ideal para mim, mas digamos que tem 80% de tudo o que gosto. Digo-vos já que a prancha é incrível, pois, pelo pouco que ainda a usei, adorei por completo. Nestes últimos tempos tenho mudado um pouco o material que estou a usar nas pranchas. Para mim o mais simples é o melhor, deixei de usar materiais “flexíveis” e quanto mais rijo for melhor. Óbvio que não vou andar com um bloco de madeira na água, mas os materiais mais rijos para quem já tem algum nível a surfar permitem sentir uma diferença considerável em termos de velocidade e projeção de manobras.

“Para mim o mais simples é o melhor, deixei de usar materiais flexíveis”

A temporada foi bastante generosa em Portugal. Quais as sessões de referência para ti? 

Bom, o inverno foi incrível! Já há alguns anos que não tínhamos um inverno assim. Para mim, a altura antes do Natal, ano novo até final de fevereiro é a que se salienta. Foram quase dois meses de altas ondas sem parar entre a Praia Norte e em The Edge, aqui na Figueira, que já não dava ondas há alguns anos. É sempre bom surfar altas ondas em casa só com amigos e sem crowd para chatear.

O Circuito Nacional já foi anunciado e conta com atualizações importantes. Que objetivos tens para este ano?

Primeiro que tudo quero deixar aqui um grande apoio e parabéns ao pessoal que tem estado por de trás destas grandes melhorias que vão ter lugar este ano. Têm estado a fazer um trabalho incrível para o nosso desporto e espero que seja um ano competitivo bastante bom. Os meus objetivos não variam muito do ano passado. É verdade que já não tenho aquela veia competitiva dos tempos dos esperanças, mas quero ir para os campeonatos para divertir-me, sair de lá feliz e a saber que consegui demonstrar o meu surf independente se acabei em primeiro ou em último lugar. Obviamente, tenho o objetivo de ser campeão nacional Open e adicionar esse título ao meu currículo. Quanto ao resto, espero conseguir fazer o europeu e tentar fazer algumas etapas do mundial.

“Obviamente, tenho o objetivo de ser campeão nacional Open e adicionar esse título ao meu currículo”

Última questão. Fala-nos desse filme que está na calha para ser lançado. O que podemos esperar?

Vai ser um vídeo curto e cheio de boas ondas! Foi, basicamente, quase tudo filmado apenas numa semana de ondas bem recente. Tenho ainda muitas mais filmagens que vão ser lançadas num clipe mais tarde. Talvez antes do verão saia mais um video com os restos que sobraram. 

Observa agora o novo clipe: