* Artigo publicado originalmente a 25/03/2014.
Northern Nomads é um projeto que retrata o desconhecido estilo de vida e viagens dos bodyboarders do Norte de Portugal e Espanha. Os cenários frios e cinzentos das regiões de Viana do Castelo e Galiza abrigam uma entusiasta comunidade devota a explorar as melhores ondas da costa nortenha da Península Ibérica e a documentar a vida e experiências nas suas cidades e vilas.
Para além de dropar uns slabs com a malta, André Alves é o homem por detrás do blogue visual, cuja maioria dos intervenientes é português. André partilha os frames que revelam o espírito nómada do grupo e as gentes e culturas daquelas regiões, acrescentando ainda imagens que detalham uma história que se adapta à mensagem do Northern Nomads.
O que é o Northern Nomads?
É um projeto que documenta um grupo de amigos que viaja para surfar. É o retrato do nosso dia-a-dia, do nosso lifestyle, em que mostramos as nossas viagens por Viana do Castelo e norte de Espanha. O projeto teve tão boa aceitação e as pessoas curtiram tanto que vamos aproveitar e trazer imagens sempre que viajamos. Ainda temos fotografias de outras viagens que queremos publicar.
Que impacto pretendem ter?
Queremos apenas divulgar à comunidade o que se passa pelo norte, porque não temos assim tanta exposição quanto isso, não temos muitos meios. Além disso, sem a Vert em formato papel, temos ainda menos meios de divulgação. Mas quisemos dar uma imagem do que andamos a fazer por aqui.
Que tipo de cenários ou temas fotografam?
Gostamos de cenários nómadas, um bocado frios, a preto e branco. Tentamos recriar a ideia de inverno, frio, que é basicamente o nosso dia-a-dia lá em cima. Mas também temos no blogue fotografias que não são nossas, mas que foram postas ali com o propósito de dar um diferente enquadramento ao espaço. Não têm de encaixar perfeitamente, mas dão uma ideia da mensagem que queremos passar.
Que mensagem pretendem transmitir com o Northern Nomads?
Queremos passar uma mensagem de boa vibração, do lifestyle que nós adoramos e do desporto que é a nossa vida. Durante mais de um ano, enquanto estávamos quase todos no desemprego, viajávamos, surfávamos e curtíamos todas as semanas, pelo que queremos mostrar isso.
Como é a cena bodyboarder em Viana do Castelo?
Há muitos bodyboarders em Viana, temos uma boa comunidade. É muito mais unida do que a surfista. Somos todos super amigos, unidos e damo-nos quase todos bem. Claro que há as quezílias normais do desporto, mas temos um grupo forte, unido e queremos é fugir ao crowd e apanhar boas ondas, sobretudo para bodyboard. Viana do Castelo é um daqueles raros exemplos em que o inverno é pior que o verão em termos de ondas. Por isso, nessa altura, temos de viajar três horas até à Corunha ou Galiza para surfar. Nós preferimos, enquanto bodyboarders, apanhar ondas melhores e que nos possibilitem surfar melhor e divertirmo-nos mais do que ficar na nossa cidade a apanhar ondas de merda.
Qual é o vosso spot favorito em Viana do Castelo?
No verão paramos mais na praia da Arda, onde foi realizado o primeiro mundial de bodyboard em Portugal [n.d.r.: em 1994]. No inverno é mais o Cabedelo, mas não é uma onda tipicamente bodyboarder, não apreciamos muito.
E no norte de Espanha?
A zona da Galiza, sobretudo os slabs mais conhecidas e El Faro – uma onda que dá uns triângulos espectaculares – e Corunha, que tem montes de picos fundo de areia e pedra.
Como é que se dão com a malta do norte de Espanha?
Ali na Galiza é tudo pessoal altamente, boa onda. O Cristian Perez, que também aparece no blogue, surfa muitas vezes em Viana, juntamente com o fotógrafo Angel “Fotosplino”. Muitas vezes avisamo-lo que está bom em Viana e ele avisa-nos sobre a Galiza. É pessoal super humilde, damo-nos todos muito bem.
O que vos motiva para o bodyboard e fotografia?
Em relação à fotografia, tivemos a sorte de ter o fotógrafo Rúben Laranjeira aka Uriel Photography a morar em Viana durante alguns anos. Foi o primeiro fotógrafo a chegar a Viana com uma caixa estanque e a seguir-nos para todo o lado. Então aproveitámos a chegada dele para trabalhar mais esse aspeto e a fazer mais fotos. Até há dois anos para cá, nunca tínhamos tido um fotógrafo dentro de água, não havia lá em cima. Já para o bodyboard nem é preciso motivação, só o facto de podermos estar em contato com o mar e apanhar boas ondas é suficiente. E a cada viagem que fazemos, há uma experiência nova, é uma forma de conhecermos novas pessoas, novos bodyboarders, compreendermos a dinâmica de cada sítio a que vamos. Nós, apesar de morarmos muito perto de Espanha, temos muitas diferenças para eles e isso vê-se até na forma como eles nos recebem.
Quais são as influências para este estilo de vida?
É o próprio lifestyle, aquele estilo de vida descontraído, levar a vida de uma maneira muito slow e boa onda. Nós gostamos é de surfar entre amigos, boas ondas, sair à noite e beber uns copos.
Quem é que está envolvido nesse coletivo e o que é que cada um faz?
O Pedro Meira, bodyboarder, que até teve uma dupla página na Vert com algumas fotos que aparecem no blogue; o Cristian Perez, talentoso bodyboarder galego; o Paulo Escaleira, o Luís Gama, o Ruben Alves e o Rúben Laranjeira. Há alguns que não aparecem ainda no blogue, mas em breve aparecerão.
Em que consiste o vosso projeto paralelo – 157 – e como é que este se revela no Northern Nomads?
Isso engloba muito mais gente, mas também tem ligações ao bodyboard e ao surf. A principal ligação dos 157 é a street art. Depois foi alargando um bocadinho o conceito à cidade e aos nossos amigos. Também começámos a fazer umas roupas e uns autocolantes. Aquilo foi pegando, fomos espalhando a mensagem e, hoje em dia, já somos bastantes a representar o coletivo.
Qual é o futuro do Northern Nomads?
Agora passa por viajarmos, fotografarmos mais e ir registando as próximas viagens.